sexta-feira, 1 de abril de 2011

VÍDEO TRIBUS L'OMO

Antes de iniciarmos apresentarmos o vídeo slide show sobre a Tribus L'omo na Etíopia solicitamos aos professores...

*Diga três coisas que você sabe ou imagina sobre a Etiópia:

  • Técnicas avançadas, como por exemplo o parto cesariano;
  • Economia Subdesenvolvida;
  • Civilizações antigas;
  • Sofrimento;
  • Subnutrição (olhos esbugalhados, rostos com expressão triste);
  • Savanas;
  • Calor;
  • Etíopes;
  • Tribos – mulheres girafa (pescoços aumentados como sinal de beleza);
  • Animais de savana;
  • Exploração;
  • Carência de tudo;
  • Negros e brancos;
  • Miséria;
  • Menino barrigudo;
  • Subdesenvolvimento;
  • Bolachinhas de barro (alimento feito com terra);
  • Vozes incomparáveis;
  • Ritmo com percursão;
  • Proximidade com a natureza;
  • Colorido, presença marcante das cores verde e marrom;
  • Máscaras;
  • Pinturas corporais;
  • Adereços;
  • Geometria marcante em obras de arte;
  • Músicas tristes, lamentos;
  • Criatividade, liberdade artística.

  

Após a apresentação dos slides da Tribus L’omo, algumas reflexões do grupo I da JEIF:
  1. Preparados para festa?
  2. Vestidos e pintados apenas para fazer as fotos?
  3. A expressão “carrancuda” pode ser algo cultura.
  4. Estão vestidos dessa maneira pois estão sempre assim no dia a dia.
  5. Os olhares são tristes.
  6. É um povo vaidoso.
  7. Só imaginamos o motivo de estarem assim trajados, não sabemos o significado das vestes.
  8. A mídia só mostra o que deseja que saibamos.
  9. As pinturas parecem retratar animais, partes da natureza, onde o ser humano passa a ser parte integrante dela ao se caracterizar como um leão ou uma árvore.
Pesquisando sobre:

A exposição que vi no Cantine de Faubourg são as fotos que Hans Silvester reuniu depois de sua viagem à Etiópia. Eu sabia da existência de Hans Silvester pelas belas fotos de cavalos na região da Camargue francesa. O trabalho que vi agora é muito mais impressionante.
O vale do Omo, berço da espécie humana, é uma região do tamanho da Bélgica nas fronteiras entre a Etiópia, o Quênia e o Sudão. Intocados pela colonização e pelos missionários, distante dos poderes de Cartum, Adis Abeba ou Nairóbi, ainda não afetados pela AIDS, os povos que habitam a região são pastores de gado zebu e caçadores ainda selvagens. O gado fornece o essencial de que necessitam para viver, sangue, carne e leite. O dote de um casamento é de 20 a 30 cabeças de gado. Uma Kalashnikov vale 8. O vale é habitado pelas tribos dos Hammer, Mursi, Karo, Surma, Bume, Galeba e Dasanech. Todos os homens se ocupam do pastoreio e da guerra. As mulheres ao cultivo do sorgo e do milho.
Os corpos nus são todos pintados de ocre vermelho e amarelo, extraído de rochas vulcânicas, e cal branca. Nas palavras de Hans Silvester: “os homens e mulheres usam os corpos como um espaço de expressão artística. É com imenso prazer que eles pintam o rosto e o corpo, em uma busca permanente de beleza. Viver com estes seres tão diferentes de nós me fez refletir muito sobre as “conquistas” da nossa civilização”.
As fotos são fantásticas, coloridas, provocantes, ternas ou audaciosas. Simplesmente genial. O livro saiu 5 de outubro, Éditions de la Martinière.
 
 As tribos do Omo. Nos confins da Etiópia, Hans Sylvester fotografou durante seis anos tribos onde homens, mulheres, crianças, velhos, são gênios de uma arte ancestral.

Aos seus pés, o rio Omo, sobre um triângulo Etiópia-Sudão-Quênia, o grande vale do Rift que separa lentamente da África, uma região vulcânica que fornece uma imensa paleta de pigmentos, ocre vermelho, caulim branco, verde revestido, amarelo luminoso ou cinzento das cinzas.
Eles tem o dom da pintura, e o seu corpo é uma imensa tela. A força da sua arte é definida em três palavras: os dedos, a velocidade e a liberdade.

Desenham com as mãos abertas, da extremidade das unhas, às vezes com uma extremidade de madeiras, cobrem-se de colmo, um caule esmagado. Gestos vivos, rápidos, espontâneos, para além da infância, este movimento essencial que procuram os grandes mestres contemporâneos quando aprenderam muito e tentam esquecer tudo.

AS TRIBOS DE L'OMO

O que você verá aqui é um achado antropológico maravilhoso. Beleza em sua forma mais pura. Leia o texto que repasso a seguir e olhe, olhe com cuidado as imagens... Nos confins da Etiópia, distante muitos séculos da modernidade, Hans Sylvester fotografou durante seis anos tribos onde homens, mulheres, crianças e velhos são gênios de uma arte ancestral. A seus pés, o rio de L' Omo, a cavalo sobre um triângulo Ethiopie-Soudan-Kenya, o grande vale do Riff que se separa lentamente da África, uma região vulcânica fornece uma imensa palheta de pigmentos: ocre vermelho, kaolin branco, verde cobreado, amarelo luminoso ou cinza bem acentuado. Eles têm o gênio da pintura e seus corpos de 2 metros de altura são uma tela imensa. A força de sua arte está em três palavras: os dedos, a vitalidade e a liberdade. Eles desenham nas mãos abertas, debaixo das unhas, às vezes com uma extremidade de madeira, um caniço, um caule esmagado. Gestos vivos, rápidos, espontâneos, para além da infância, esse movimento essencial que buscam os grandes mestres contemporâneos quando têm muito aprendizado e tentam, de alguma forma, esquecê-los. Aqui há somente o desejo de se decorar, de seduzir, de estar belo, um jogo e um prazer permanente. É suficiente para eles mergulhar os dedos na graxa e, em dois minutos, sobre as costas, os seios, o púbis, as pernas, não nasce ninguém menos que um Miró, um Picasso, um Pollock, um Tàpies, um Klee...” (Matéria e imagens repassadas por Cláudio Troian)
 
  
Depois de vinte dias navegando pelo Rio Omo, os sentidos começam a se adaptar. Especialmente o olfato. Não existem os perfumes, os cheiros e a poluição da civilização, que deixam o nariz atordoado. Aqui é o sertão do vale do Rio Omo, na Etiópia, a 800 quilômetros de Adis-Abeba. As duas margens do rio são altas, mas pelo cheiro dá para saber o que acontece acima do barranco. O odor da madeira queimada significa que alguém está acampando, o de excremento de gado é sinal de que estão tocando o rebanho em direção ao rio. Todas essas informações são trazidas a distância pela brisa morna. Desta vez, o cheiro de gado chega bem antes do ruído das reses e da visão dos guerreiros nyagatons, na contraluz, imóveis debaixo do sol da tarde, no alto da margem. O calor é de quase 40 graus, e os guerreiros contemplam, em silêncio, o pequeno barco em que viajamos.
O comportamento-padrão dos nyagatons é intimidatório, seja pela atitude, pela maneira de falar ou pelo armamento que carregam (desse lado do rio todos usam o G3, um fuzil de assalto alemão, com maior poder de fogo do que o AK-47, mais comum na região), e eles estão em guerra, expulsando as outras tribos. No momento estão de olho na tribo dos mursis, que, para escapar às emboscadas constantes, se retiraram para as montanhas. A atitude agressiva muda quando percebem que nosso guia é também um nyagatom. As apresentações são feitas, e tudo fica combinado: quando voltarmos amanhã encontraremos uma multidão de guerreiros que deixarão as armas de lado para dançar com as mulheres da tribo. Alegres, festejarão a presença de estrangeiros.
O acesso por terra ao vale do Rio Omo é precário. O melhor caminho é pelo rio, mas só quando está cheio, logo após a estação das chuvas, que termina em setembro. Um único empreendedor, o holandês Hallewjin Schurman, montou acampamentos na região e leva para lá pequenos grupos de turistas em barcos motorizados. É uma viagem fascinante a um mundo perdido. Entre o acampamento e os nyagatons navegamos quatro horas contra a correnteza do Omo, que, cheio de curvas, desliza entre matas de figueiras e tamarindos, cerrados e desertos. Sempre em alta velocidade, e em ziguezague, evitamos os pedaços de madeira que o rio arrasta e os hipopótamos que, sem avisar, emergem à nossa frente. Crocodilos de todos os tamanhos, alguns leões e um par de leopardos nos contemplaram indiferentes. Encontrar os nyagatons é um momento mágico emoldurado por uma paisagem bela e selvagem.

Dassanech no delta do Omo e, abaixo, à esquerda, o silo de barro para guardar a colheita. Abaixo, à direita, guerreiros nyagatons. No momento, a tribo está empenhada em destruir um povo vizinho, os mursis, que, assustados com as emboscadas, fugiram para as montanhas.


A Etiópia é o único país do continente africano que nunca foi colônia européia. Na década de 70, o último imperador, Haile Selassie, foi deposto por um violento golpe de Estado de orientação marxista, e a normalidade só voltou em 1995. Com suas verdes montanhas de picos impressionantes, seus vales cultivados e rios caudalosos, a Etiópia é uma espécie de caixa-d'água da África Oriental. O Nilo Azul, por exemplo, nasce nas montanhas etíopes. Apesar disso, o país é lembrado sobretudo pela fome tristemente famosa e pela guerra com a Eritréia, que só terminou cinco anos atrás. O vale do Rio Omo, na fronteira com o Sudão e o Quênia, é uma área de mais de 4.000 quilômetros quadrados com intensa vida tribal e muito pouco visitada.
O rio, que nasce ao sudoeste de Adis-Abeba, capital da Etiópia, percorre quase 1.000 quilômetros, mas não chega ao mar. É o principal afluente do Lago Turkana, no Quênia. O Omo divide a vida no vale: ao leste, as tribos dos karos, dos hamares e dos mursis. Do outro lado, os nyagatons e os quegos. Todos vivem da criação de gado. Mesmo os dassanechs, mais ao sul, na entrada do Lago Turkana, apesar de cultivar o sorgo (o cereal é armazenado em pequenas bolas feitas com galhos secos no alto de torres precariamente construídas para evitar a umidade), também são criadores de gado.  


Guerreiros karos, que recentemente abandonaram a vida nômade e agora vivem em três aldeias. Além do fuzil, cada homem também leva um banquinho para não sentar no chão. À direita, casal karo diante de sua casa
O aumento da população e dos rebanhos tornou letal a disputa por território. A única maneira de expandir o próprio domínio é com a ajuda dos fuzis AK-47 que cada habitante do vale carrega displicentemente no ombro. Uma bala custa 25 centavos de real. Os hamares vivem nas montanhas e praticam uma economia de subsistência agropastoril. Organizam-se segundo um elaborado sistema de agrupamento social por idade. Passar de um grupo a outro envolve complicados rituais. A maturidade, dizem misteriosamente os mais velhos, só acontece quando o coração chega aos olhos. Os mursis são reconhecíveis pelos desenhos brancos que cobrem seu corpo e pelo pedaço circular de madeira que as mulheres usam no lábio inferior. A origem do adereço está nos tempos em que os mursis eram perseguidos para ser vendidos como escravos. Foi a maneira encontrada para tornar as mulheres menos atrativas. Hoje é um sinal de beleza. Os karos são pouco mais de 1.500 e abandonaram alguns anos atrás a vida nômade. Vivem essencialmente em três aldeias – Labuck, Duss e Korcho – e praticam um rígido controle de natalidade. Crianças nascidas fora do casamento são deixadas para morrer debaixo de um arbusto com a boca cheia de areia.  


Quando os mursis eram perseguidos por caçadores de escravos, suas mulheres tentaram ficar feias com a deformação do lábio. Hoje, a tribo acha bonito o ornamento. À direita, guarda nyagatom na beira do Rio Omo. O nome da tribo significa "comedores de elefantes"
Os quegos são os menos numerosos. Eram escravos dos karos, mas recentemente foram liberados pelos nyagatons, a tribo mais numerosa e feroz. A palavra nyagatom significa "comedores de elefantes", e eles se esforçam para demonstrar que são realmente destemidos. Caçam crocodilos em pé sobre uma canoa, armados apenas de um arpão, ou passam temporadas servindo como mercenários para os conflitos do vizinho Sudão (a fronteira está a menos de 100 quilômetros dali). A circuncisão masculina e a infibulação feminina, as punições por chicotadas, tudo continua sendo feito da mesma maneira através de gerações. As crianças aprendem desde cedo que não existe a palavra "ladrão". Roubar é permitido, mas quem é apanhado acaba chicoteado.
A prática da escarificação e da pintura corporal atinge patamares sofisticadíssimos. Para eles, a escarificação é um atestado de bravura. Um guerreiro não pode ostentar nenhuma cicatriz até que tenha matado um inimigo. Para uma mulher, as cicatrizes são uma maneira de ficar atrativas para os homens. As escarificações são feitas com facas, pedras ou pregos. Depois a ferida é coberta com cinzas. Isso provoca uma pequena infecção, que, mais tarde, vai deixar a marca com relevo na superfície da pele. Com suas tradições preservadas, o vale do Rio Omo é um museu de história natural ao vivo e em três dimensões.
 
 
 


Equipe Betinho

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